Bertrand Russell, um dos maiores, senão o maior filósofo do século XX (na concepção de muitos e inclusive na minha) e também um ícone do ateísmo e do agnosticismo, possui a mais extensa bibliografia entre todos os filósofos conhecidos, não sendo, até hoje, superado por nenhum deles,
Discorrer sobre Bertrand Russell, sua biografia, seu pensamento, suas obras, exigiria um tratado e jamais poderia ser matéria para um simples “post” de blogs. Por isso, nem vamos tentar aqui fazer essa introdução, pois ela consumiria o espaço do post.
Sobre ele, iremos, de tempo em tempo, pinçando uma coisa aqui, outra ali, e publicando como se fossem capítulos curtos de um livro longo, com quase uma centena deles.
Assim, para ter-se uma pálida ideia inicial do pensamento deste filósofo e escritor (Prêmio Nobel de Literatura, 1950), publicamos abaixo o “Decálogo de Bertrand Russell”, um "código de conduta" liberal baseado em dez princípios, à maneira do decálogo cristão. "Não para substituir o antigo", diz Russell, "mas para complementá-lo". Diria até que estes "dez mandamentos de Russel" são melhores e mais eficientes do que os dez mandamentos bíblicos, porque mais coerentes e consentâneos com a realidade. Eis, abaixo, o que se convencionou chamar de:
———————————————————————————————————————————-O DECÁLOGO DE BERTRAND RUSSELLFontes: Wikipédia; Autobiografia de Bertrand Russell (Ed. Civilização Brasileira)
- Não tenhas certeza absoluta de nada.
- Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
- Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
- Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
- Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
- Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
- Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
- Encontres mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
- Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
- Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
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NA: Recomendo fortemente a leitura do livro "Autobiografia de Bertrand Russell" (3 volumes, tradução portuguesa de Álvaro Cabral, Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1972 – Do original "The Autobiography of Bertrand Russell – George Allen and Unwin Ltd., 1969). Este livro, por si só, vale por um romance, pois a vida de Bertrand Russell foi agitadíssima e repleta de episódios interessantes, em tudo o que ele fez como filósofo, matemático, ensaísta, conferencista, escritor, pacifista e ativista político. Sem dúvida, uma das mais brilhantes inteligências, não só no mundo da filosofia, mais em todas as áreas em que atuou. Se você começar a ler o livro, não conseguirá mais parar e, certamente, irá ler os 3 volumes.