Cuidado com os Evangélicos! Criticá-los? "Não Pode!" Dá Processo.
É, o poder econômico dos evangélicos está crescendo mesmo; preocupante e assustadoramente. Só de janeiro a março deste ano, mais de 100 processos deram entrada na Justiça, em 20 comarcas brasileiras, movidos pelos evangélicos contra jornais, jornalistas e emissoras de TV. Tudo porque ousaram criticá-los desfavoravelmente, segundo a sua ótica.
Geralmente as ações são de "indenizações por damos morais" e os formatos das petições parecem ter o mesmo modelo e um texto padrão, fornecidos pelas administrações das igrejas evangélicas, que estão assessoradas por bons e oportunistas advogados. Em Direito, isto poderia ser classificado, como"litigância de má fé", por ser a motivação ilegítima. E, de fato, algumas das ações, com este veredicto, já foram julgadas. O Objetivo real delas, não é o reconhecimento do erro, a retratação pública e o recebimento das indenizações, mas sim a intimidação. Sequer estão se importando se vão ganhar ou perder. Querem é deixar o recado: "Se ousarem nos criticar, é isto o que vai acontecer".
As quatro principais motivações dessa enxurrada de processos foram: 1) A reportagem da Folha de São Paulo, em dezembro de 2007, "Universal Chega aos 30 anos com Império Empresarial", na qual se tece comentários sobre a formação do patrimônio econômico da IURD, com denúncias sobre a possibilidade de lavagem de dinheiro dos dízimos, no exterior. Só a autora da matéria, jornalista Elvira Lobato, já coleciona mais de 60 processos; 2) reportagem do jornal "Extra", do Rio de Janeiro, criticando um fiel que doou um carro à igreja, em troca de um suposto milagre; 3) reportagem do jornal "A Tarde", da Bahia, por críticar um pastor protestante que atacou uma imagem sacra; 4) Cena da novela da Globo "Duas Caras", que mostrou, neste mês de março, uma seguidora fanática (Edivânia), incitando os moradores a cometerem atos de violência e preconceito contra outros três personagens que viviam um suposto triângulo amoroso, morando sob o mesmo teto.
Vejam algumas das manchetes:
E vamos parar apenas nestes exemplos mais recentes, para poder comentar o que está acontecendo. De lembrar, porém, que vários outros casos semelhantes têm existido, principalmente nos últimos cinco anos, quando o crescimento dos evangélicos se acelerou, com o fortalecimento do patrimônio econômico e a compra de jornais, revistas e concessões de canais de televisão, todos praticando o "marketing religioso das religiões evangélicas. Não podemos nos esquecer que a realidade de hoje é bem diferente da de dez anos atrás e que, em termos de participação e controle de redes de TV, segundo a "Folha OnLine (http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u373563.shtml )", só a Igreja Universal do Reino de Deus já controla, sozinha, a maior parte das TVs no país (você já viu quantos programas religiosos evangélicos pululam nos canais de TV?), sendo a principal delas a Rede Record, da qual seria a principal acionista (fato não comprovado e insistentemnete negado pela IURD, que se qualifica apenas como principal cliente). Isto, aliás, nem vem ao caso. O que importa é que elas dominam mesmo os programas religiosos exibidos nas emissoras afiliadas, sem falar nas de radiodifusão, onde também possuem emissoras próprias e/ou horários cativos.
Mas não ficam atrás, em matéria de programas de TV e radiodifusão, as dissidentes "Internacional da Graça de Deus", "Mundial do Reino de Deus", "Mundial do Poder de Deus" e "Renascer em Cristo", todas também praticantes do marketing religioso e proselitismo concorrencial, além de possuirem técnicas muito semelhantes de arrecadação de dízimos e doações diversas, com o mesmo tipo de assessoramento jurídico. Será somente coincidência?
Como se isso não bastasse, há que se considerar dois outros grandes perigos: 1) Os avangélicos, com cerca de 48 milhões de seguidores, segundo eles próprios, são hoje a segunda força religiosa do país (aproximando-se paulatinamente da primeira, a católica), ou seja - mais de um terço da população adulta; 2) nenhum político desprezará essa enorme massa votante. Na Câmara e no Senado, já existe a "bancada evangélica", para defender seus interesses, bancada essa, que chegou a possuir, numa só legislatura, cerca de setenta deputados federais, sem falar nos senadores.
Diante de tudo isso, eles agora se acham poderosos e não admitem críticas contrárias ao que praticam. Não se sabe ao certo o número total de evangélicos no Brasil, já que o último censo do IBGE refere-se ao ano 2000. O número de 48 milhões de fiéis, como dito, foi divulgado pelos próprios evangélicos e pode não ser correto. Segundo outros, eles seriam 35 ou 40 milhões(CONFADER). Dados do IBGE , do censo de 2000, acusavam 26,1 milhões, sofrendo, porém, fortes críticas quanto aos critérios de aferição, que teriam subestimado os números dos evangélicos e somente acertado na tendência do crescimento, que apontava para a triplicação dos seguidores em 10 anos. Assim, projetando para 2008 e fazendo os cálculos com uma taxa de crescimento anual de 7,43% (IBGE), se esta se mantivesse estável, veríamos que num cálculo bem simplório, eles seriam hoje, no mínimo, uns 42 milhões. Daí, a sua autoconfiança e prepotência.
No Brasil, o evangelismo originou-se do protestantismo, que aqui chegou em 1624-25, com a invasão holandesa. As igrejas protestantes vem sendo, no Brasil, mais do que em qualquer outro lugar, um fenômeno religioso que desperta o interesse de peritos nessa área, devido ao vertiginoso e acelerado crescimento das últimas décadas, que coloca o Brasil como o segundo país no mundo em maior número de protestantes, só ficando atrás dos Estados Unidos (fonte: "Mídia e Fé - http://www.cacp.org.br/midia/)
Das 3 grandes ramificações das igrejas protestantes (tradicional, pentecostal e neopentecostal), temos, entre as pentecostais, a "Assembléia de Deus" e "Deus é Amor", as duas maiores representantes e, entre as neopentecostais, as 4 grandes: Universal do Reino de Deus (Edir Macedo - 1977); Internacional da Graça de Deus (Pastor Romildo R. Soares - 1980); Igreja Renascer em Cristo (Estevan Hernandez - 1986); Mundial do Reino de Deus (?) e Mundial do Poder de Deus ("Apóstolo" Valdemiro Santiago 19/03/1998)). Todas essas neopentecostais, excetuando a Renascer em Cristo, são dissidências da IURD, daí, a similitude entre os nomes e as práticas. Com todas essas trapalhadas, estima-se que até o ano de 2020, mais da metade da população brasileira será de evangélicos e o Brasil pulará de segundo para o primeiro lugar entre os países mais pentecostais do mundo (tomara que eu já esteja morto, para não ter que assistir ao caos!).
Como se vê, igreja, principalmente para os neopentecostais, é negócio. E como negócio, tem de ser defendido da concorrência e da propaganda contrária. Por isso, a enxurrada de processos. Portanto, se você for criticá-los, cuidado! Corre o risco de sofrer processos, especialmente se a matéria tiver repercussão (eles não se importam muito com os pequenos ou com matérias que não tenham repercussão nacional). Mas, se tiver e com o crescimento e força que estão ganhando... (huuum! sei não, sei não).
Infelizmente, a nossa Constituição Federal, em seu artigo 5º, inc. VI, ao garantir a liberdade de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, protege não só essas igrejas, como o tipo de malefícios e transtornos que elas causam, formando um exército de fanáticos que sofrem lavagens cerebrais semanais, submetendo-se ao cativeiro religioso. Com isso, a IURD fortaleceu-se aqui e, rompendo as fronteiras do Brasil, já está presente em mais de 115 países, segundo a Enciclopédia Digital Wikipédia. Mas esse número já teria sido ultrapassado e atualizado para 172 países, segundo o último livro de Edir Macedo "O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo" - ed. Larousse do Brasil. Se forem verdadeiros, isto coloca a IURD à frente até da poderosa MacDonald's, que possui franquias em 118 países. E tudo isso começou no Brasil, num subúrbio pobre do Rio de Janeiro, em 1977. À época, eu estava lá e vi como a coisa funcionava. Tempos depois, consegui resgatar minha própria mãe dentre os "fiéis, que felizmente, com auxílio médico, se recuperou em tempo de sua doença mental e física e pôde ver a realidade que outros não viram e não vêem.
Será que um dia, pelo menos no Brasil, uma emenda constitucional poderá corrigir o problema? Quem terá coragem?
Fontes dos dados estatísticos: Wikipédia; IBGE; Folha OnLine - Brasil (http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u373563.shtml) Centro Apologético Cristão de Pesquisas - CACP( http://www.cacp.org.br/midia/); upgospel( http://www.upgospel.com.br/issue1/ ); Globo on Line; Revista de Estudos Religiosos - Nº 2/2003/pgs 75-80
Notas: 1) Ativemo-nos a comentar apenas as ações dos neopentecostais (ramo ao qual pertencem a IURD, a Internacional da Graça de Deus, a Renascer em Cristo, a Sara Nossa Terra e a Universal do Poder de Deus) por serem estas as igrejas mais poderosas e as que mais agressivamente se defendem, atacam e praticam o proselitismo. As tradicionais (batistas, metodistas, presbiterianas) e as pentecostais como as "Assembléias de Deus", "Deus é Amor", "Congregações Cristãs" e "Evangelho Quadrangular") são mais comedidas e menos nocivas, exceção feita apenas para a pentecostal Assembléia de Deus, a maior do Brasil, que sob a direção do pastor Silas Malafaia, parece estar querendo enveredar pelo mesmo caminho das neopentecostais, temendo, talvez, a concorrência. Afinal, perder fiéis é perder dízimos, doações e outras contribuições.
2) Para conhecer mais sobre as igrejas evangélicas neopentecostais, leiam as biografias de seus respectivos fundadores e as suas trajetórias. Depois concluam, como conseguiram, em pouco menos de 3 décadas, tornarem-se tão ricas e poderosas. Não estou afirmando nem denunciando nada; apenas sugerindo que pesquisem e estudem o assunto.
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