Ivo S. G. Reis - Artigos, Poesias, Ensaios, Aforismos, Contos e Crônicas
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Textos

Natal dos irreligiosos, um drama que se repete

Todos os anos, nessa data, que nenhum significado positivo tem para os irreligiosos, o drama se repete: querem cobrar explicações dos porquês dos irreligiosos não só não comemorarem, mas também não se deixarem contaminar pelo tal "espírito do Natal" ou por "não entrarem no clima". Mas como entrar no clima, se estão vacinados contra as euforias natalinas e em completo estado de homeostase? De fato, nos irreligiosos esse falso espírito não baixa, porque é escorraçado, antes de tentar se engraçar.     

 

E aí o drama começa, porque os irreligosos são chamados de ateus (eles, os crentes e apologistas do Natal, generalizam tudo nesse grupo) e a saraivada de perguntas e pedidos de explicação caem sobre os irreligiosos como mum ataque de enxame de abelhas, a ponto de o pobre irreligioso preferir ficar calado para não sofrer ataques. Mas os crentes provocam, insistem, não se conformam.  

 

Como sou um irreligioso agnóstico não-radical (porque se me provarem que estou errado eu mudo de opinião e me retrato), este ano, resolvi adotar um estratagema diferente, para ver se funciona e me deixam em paz: Antecipei-me e mandei a mensagem abaixo para todos os parentes, amigos e inimigos:

 

Agora, a dúvida é: será que vai funcionar? Vai evitar a saraivada de perguntas? Vão entender o meu posicionamento filosófico e as minhas razões? Isso é o mínimo que poderia dizer, porque as razões vão muito além, a começar pela explicação da origem da lenda do Natal e seus objetivos escusos (a coisa começou a pegar mesmo a partir da propaganda da Coca-Cola, que se apropriou do símbolo e o colocou na versão atual, que para usar uma expressão em moda, "viralizou"). .

 

Sinceramente, eu não tenho mais paciência de explicar, porque é inútil tentar convencer pessoas fanáticas, radicais ou ignorantes com argumentos. Elas não querem ouvir verdades que contrariem suas crenças e fantasias. Precisam de um deus para lhes proteger; precisam de líderes terrenos e gostam de ser comandadas e iludidas. Por isso, recorrem aos pastores, picaretas profissionais da fé e que usam o seu gado como capital político.. E quando esses picaretas (vide Silas Malafaia, para citar só um) se unem a falsos mitos da estirpe de um Bolsonaro, some-se a isso a indústria de fake news e a desgraça está feita: Com essa combinação funcionando, o gado é capaz até de matar, dizendo-se "patriotas" e agindo em nome de Deus.  

 

Em um outro artigo meu, aqui mesmo publicado (https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-religiao-e-teologia/6207663), eu já alertava:

[...]               
Feliz Natal da Mentira, da Hipocrisia e do Consumismo!

[...] Uma data para se comemorar nada, porque nenhum "nascimento de Cristo existiu" nessa data; uma data convencional, criada pelo cristianismo para reavivar a fé dos enganados, mantendo a mentira Jesus Cristo em suas mentes (mentiras precisam ser repetidas exaustivamente para se manterem vivas); uma data celebrada e apoiada pelo comércio, indústria, grandes corporações e bancos, porque melhora seus lucros; uma data para incentivar um tal de "espirito de Natal", que nada mais é do que pura hipocrisia.
Milhares de papais-noéis, de todas as raças e compleições físicas e não somente os gordinhos, brancos, de rosto corado, sorridentes, simpáticos e bonachões, invadem as ruas. Temos até (pasmem!) papais-noéis magrinhos, com altura de jogador de basquete. Isso, para não falar de outros tipos, mais estranhos ainda. Numa quadra de lojas comerciais encontram-se dezenas deles, alguns até, acompanhados de mamães-noéis ou, mais modernamente - no Brasil -, noeletes (que deturpação da lenda!). [...]

 

A semelhança e os visíveis pontos comuns entre evangélicos e bolsominions.   

 

Os mais perigosos bolsominions são aqueles que, além de bolsominions,  são também evangélicos fundamentalistas e fanáticos.                                                                                                        ​​​​​                    ​​​​​​​     ​​​​​​​     ​​​​​​​     ​​​​​​​     ​​​​​​​     ​​​​​​​       

Com as sempre existentes exceções — e não se trata de preconceito contra evangélicos e sim de constatação —, descobri agora que crentes e bolsominions têm muito em comuim, além de se deixarem conduzir como gado: ambos são fanáticos; ambos gostam de ser enganados; ambos se sujeitam docilmente a doutrinações e lavagens cerebrais, ambos se deixam manipular com facilidade, ambos precisam de um deus e um líder terreno; ambos têm cabeça de aço, forjada em lavagem cerebral, ficando, assim, blindados para aceitar verdades, e nada entra nas suas cabeças, a não ser que seja fake news, ou blá-blá de políticos bolsonaristas e/ou pastores.  Daí, tornam-se massas de manobras e são manipulados como gado, sendo tocado para onde seus líderes quiserem. Passam a viver numa bolha de consciência coletiva evangélico-bolsonarista, na base do "Tudo o que seu mestre mandar, faremos todos", inclusive, atentar contra a democracia do seu país, ameaçar, insuflar, destruir e até (pasmem!), entre os mais exaltados, matar. E isso já ocorreu..

 

O perigo do voto evangélico e o nefasto conluio "religião, política e militares"

 

O fenômeno sociopolitico brasileiro, da tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023, não foi espontâneo e originou-se desses fatores já citados e mais um anterior a eles: a participação dos militares na urdidura da trama, especialmente, o generalato e oficiais superiores do Exército (Marinha e Aeronáutica tiveram participação pífia).

 

Por enquanto isso pode soar como uma teoria da conspiração, ou uma lucubração sem fundamento, mas uma revisão histórica imparcial, certamente irá corroborar essas (por enquanto) teorias. E ver-se-á que a coisa começou lá em 2013 (protestos contra os aumentos das passagens de ônibus no governo Dilma), com o Exército observando os fatos e tentando achar um líder externo — na verdade, um títere — para usar. E foi aí que apareceu Bolsonaro, um obscuro e polêmico deputado do baixo clero, simpatizante do militarismo, o candidato aparentemente ideal, mas que, infelizmente (para os militares), era burro, insubordinado e megalomaníaco. Por isso, e talvez só por isso, o golpe não deu certo, para a nossa sorte. 

 

A apuração dos fatos ainda está acontecendo e precisamos esperar para ver se Bolsonaro, os generais Braga Netto, Heleno, Paulo Sergio, Pazuello, Villas Boas, Luiz Eduardo Ramos e outros serão condenados. Por enquanto, só estão punindo os arraias-miúdas e  assim mesmo, com muita lentidão e cuidado. Quando vão chegar nos generais? E no entorno político de Bolsonaro (parlamentares, pastores e políticos)? Só o tempo dirá. Mas se Bolsonaro, os generais e os pastores (principalmente Silas Malafaia) ficarem impunes é porque os remédios constitucionais e jurídicos foram fracos e o risco continuará.

 

Vamos analisar: general Mourão, eleito Senador; general Pazuelllo, eleito deputado federal; ex-ministro corrupto Ricardo Salles, olhem só, Ricardo Salles (??!!), impune, eleito deputado federal, cogitado como candidato a prefeito de S. Paulo. E que dizer de Damares Alves (eleita senadora), Carla Zambelli (reeleita deputada federal), Sergio Moro, ex-juiz corrupto, parcial, ladrão e traidor profisional, eleito senador, mais sua esposa, Rosângela Moro, eleita deputada federal.Todo esse povo bolsonarista ainda impune (exceto Deltan Dallagnol, já cassado e defenestrado). Para piorar ainda mais a governabilidade do país, temos agora um Congresso reforçado com a entrada de novos bolsonaristas do núcleo duro, formando maioria na Câmara e no Senado. Isso sem falar nos antigos bolsonaristas que permaneceram, como Eduardo e Flávio Bolsonaro (Câmara e Senado), deputada Bia Kicis, deputado Ricardo Barros e tantos outros. Para aonde caminha o Brasil? Como se nao bastasse, vemos o Poder Legislativo chantageando o Executivo e capturando o Orçamento Público, na base do "ou dá ou não governa; e o nosso preço é caro".

 

Debruçados sobre a revisão histórica dos fatos e projeções, o que nos espera?

 

Sim, é verdade, os assuntos se misturaram; mas era necessário para chamar à reflexão, porque tudo está interligado. Temos lavagens cerebrais religiosas, políticas, comerciais e midiáticas; temos enganações e persuasões; temos fake news e manipulações de massas humanas; temos induções comportamentais e ao consumismo desenfreado..., enfim, muitas coisas interligadas para controlar a sociedade, tratada como gado humano da Fazenda Clâ Bolsonaro.

 

Mas o que é pior ainda é não termos as respostas; e não termos porque não querem que as tenhamos, nem na religião, nem na política, nem no comércio, nem na infomação, nem na economia.. E assim, o controle social dos dominantes sobre os dominados fica sempre ativo.. Na política, o perigo continua rondando o país. O furacão categoria 5, bolsonarismo, deixou um rastro de destruição e morte por onde passou; arrefeceu, mas ainda não se dissipou de todo. Esse furacão é diferente, porque o seu tempo não é contado em dias, mas em anos; e, além disso, ele tem. uma propriedade incomum: ao contrário dos furacões meramente climáticos, o furacão sociopolítico  é um fenômeno que possui a capacidade de se retroalimentar e voltar a ganhar força. E ele anda está pairando sobre  Brasil. Ou tomamos as medidas preventivas agora ou...

 

Estamos preparados?

 

 

Ivo S G Reis
Enviado por Ivo S G Reis em 23/12/2023
Alterado em 26/12/2023
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