Aqui é onde pretendo registrar as palavras de despedida que gostaria de deixar antes de partir: uma autocrítica, a vida passada a limpo, meus aforismos e constatações, a vida observada, o mundo observado, um pedido de desculpas pelo que gostaria de ter sido mas não fui, pelo que gostaria de ter feito mas não fiz, porque... porque... NÃO DEU TEMPO, acordei tarde demais!
Obs.: Talvez não chegue a fazer esse registro. Isso não é morbidez; é precaução de quem entrou noa anos "enta" (quarenta, cinquenta, sessenta...). Mas fica declarada a intenção.
Quer para um outro livro publicado, quer para livros em elaboração, ou apenas como textos isolados, pretendo (se o tempo permitir) desenvolver os temas abaixo, fruto de minhas lucubrações insones:
Já fui antecipando o título, apenas para ficar como lembrete de que preciso escrever um texto (preferência pela Ode) referente ao ensaio, este gênero textual libertário e autêntico, mas ainda incompreendido, que tanto me tem ajudado nas minhas reflexões. Alguém precisa sair em sua defesa, e eu, como um contumaz usuário, sinto-me na obrigação. Exceto a poesia, nenhum outro gênero literário de não-ficção permite liberdade maior do que o ensaio - não o acadêmico, mas o informal, o literário, à la Montaigne.
Está feito o registro. Em algum momento esse texto estará aqui.
Todos têm os seus dias mais tristes e também os mais felizes. Não sei em que possa interessar a alguém saber qual foi o dia mais triste da minha vida, até porque, como continuo vivendo, poderia haver algum pior do que este 05/11/2018, o dia em que faleceu minha esposa e companheira de 50 anos, a pessoa que eu mais amei em vida (isso não mudará, tenho certeza). Nenhum amor, nenhum afeto ou companheirismo, de quem quer que seja, poderá preencher o vazio que ela deixou.
Não, não creio que possa haver para mim dia pior do que este, salvo uma grande tragédia que levasse todos os meus entes queridos, de uma só vez. Estou experimentando a morte em vida, uma morte lenta, sufocante, agoniante, torturante, que esvazia minha energia vital a cada dia - logo eu, que me julgava um forte. Não sou, ninguém é, diante de uma perda assim.
Se em pouco tempo eu também partir e a morte for por alguma suposta doença, não acreditem no que for declarado pelos médicos (pneumonia, enfizema, parada cardíaca, insuficiência respiratória, falência múltipla de órgãos...)! Qualquer que seja a causa, será falsa. Peçam que retifiquem para: Causa mortis: Saudade! Nenhuma máquina ou profissional humano pode detectá-la.
Este era um registro que precisava ser feito.
Quando se fala em "diário", imagina-se aquele conjunto de textos curtos, organizados em ordem cronológica, onde se registram fatos importantes, emoções, alegrias, tristezas, sentimentos, enfim, coisas importantes que acontecem em nossas vidas e que achamos que merecem registro.
Tal não é o caso aqui. Este é um diário seletivo, onde também constam essas ocorrências importantes, mas é, antes de tudo, uma espécie de lembrete sobre coisas das quais pretendo falar futuramente, de forma seletiva, porque nem todas serão abordadas. São coisas que não podem deixar de ser mencionadas, no meu entender. Daí, o grande lapso de tempo entre um texto e outro; daí, a pouca quantidade de textos. Anotações anteriores estão esparsas pelo site.